A parceria sintomática na vida e na análise

Elizabeth Karam C. de Magalhães                                   
                                                             

Texto oriundo da apresentação, no âmbito da pesquisa do CLAC-2019, do Capítulo XII – Teoria de las parejas (p.253-276), do Seminário El Partenaire-síntoma--los cursos psicoanalíticos de J.A.Miller (1997-98), Ed. Paidós, B. Aires, 2008.               

                                       
Um parceiro é simplesmente aquele com quem jogamos a partida.            
                                                     (J.A.Miller, A teoria do parceiro, Contracapa, RJ, 2000, p. 163).


Segundo Miller, embora o ensino de Lacan convirja para a formulação, parceiro-sintoma, esta expressão não se encontra no texto de seus ensinamentos. Neste capítulo Miller explica: “Me dedico aqui a dar os fundamentos de uma noção que forjei a partir de Lacan e à qual (...) dei o nome de parceiro sintoma” (2008, p. 253).

E continua mais adiante: Este parceiro-sintoma está ou não está em Lacan? (...) Minha solução (...) é manter-me na linha de Lacan, na orientação que ele deu ao campo freudiano e que me esforço para trazer à luz. (...) Neste sentido, o parceiro-sintoma é uma pontuação de Lacan, praticada acerca do ensino de Lacan, (...) esta expressão não está verbatim no texto de seu ensino (...) e no entanto, pretendo demonstrar que este ensino converge neste parceiro-sintoma” (2008, p. 253-4).

Sabemos que o ensino de Lacan aborda a experiência analítica a partir da função da palavra e do campo da linguagem, para Miller esta é uma tomada de posição que conduz o movimento de seu ensino ao parceiro-sintoma (2008, p. 254).

Para abordar o parceiro sintoma Miller parte do conceito de A que é equívoco entre o sujeito, o Outro como sujeito e o Outro como lugar (2008, p. 255), sendo que cada uma destas instâncias são internamente equívocas e passam de um uso a outro.


                    Outro como sujeito
Sujeito    _______________  
                    Outro como lugar


Outro como lugar/ “o Outro aparece como impessoal/anônimo/ não tendo senão delegados/lugar tenentes, em particular na pessoa dos analistas; essencialmente como lugar do significante/onde se abre a palavra; mas além disso é também o sujeito da demanda/sujeito do desejo; algumas vezes o Outro é um lugar neutro, lugar em que se inscreve o que se diz e o que se escreve; outras vezes o Outro demanda, exige, quer, deseja. Assim, diz Miller, passamos elegantemente de um Outro ao Outro.

Outro como sujeito, o sujeito lacaniano não é menos equívoco, fazemo-lo equivaler a um significante a menos, a uma simples elisão significante, ao sujeito como vazio, como barrado, sem nome fundamental, expressão fundamental de uma negação, mas também como sujeito que demanda, deseja, se dá conta, consente e até atravessa a fantasia.

Miller ao destacar tais equívocos formula que um conceito sempre é equívoco em relação aos conceitos anteriores, pois tem a função de “proceder a um recorte inédito do real” (...) e o “...parceiro-sintoma introduz um novo recorte” (2008, P. 256).

Assim o ensino de Lacan, segundo Miller, indica a necessidade e a utilidade de repensar e formalizar de modo diferente a parceria fundamental. (2008, P.256)
Miller destaca que Lacan concebe uma dupla causalidade do sujeito desde o estádio do espelho, grafo do desejo e “Posição do inconsciente”, assim essa constância, nas formulações conceituais de Lacan, permite propor uma teoria das parcerias ou teoria dos parceiros.

Parceria Imaginária

Lacan partiu da parceria imaginária = o eu e o outro / eu e a imagem. Eu, unidade recortada no real do indivíduo, como consciência de si, onde Lacan introduz o espelho. Mas ao fazê-lo divide o in-divíduo, introduz a alteridade no cerne da identidade, desvanecendo-o, pela introdução do outro: especular, semelhante, diferente, modelo e rival (2008, p. 257), com sua causalidade especial: a identificação. Neste campo se dá a partida jogada pelo sujeito com sua imagem (2000, p. 164). A identificação é o conceito essencial da parceria imaginária. Lá onde falta, uma imagem complementa.


                                imagem
identificação    ____________                     
                                  falta


Parceria Simbólica

A parceria imaginária serve como garantia à parceria simbólica = o sujeito e o Outro.

No início o Outro é o Outro sujeito. O Outro a quem o sujeito se dirige e quem prescreve sua palavra, já que tem que falar sua linguagem. É no Outro que o sujeito vai buscar o significante que lhe falta. A parceria simbólica é constituída por esta falta de significante que há que buscar no Outro.

O reconhecimento é o conceito essencial da parceria simbólica, constitui o dom realizado pelo Outro e que vai tentar satisfazer a falta da qual padece o sujeito, no entanto, o reconhecimento é uma satisfação puramente significante, sem corpo, é a satisfação do sujeito como falta a ser (1998, p.94-95).


                                       significante       
reconhecimento  ______________
                                          falta


A parceria imaginária foi esquematizada por Lacan em posição cruzada à parceria simbólica para “marcar que a primeira pode colocar obstáculo ao estabelecimento da segunda” (2008, p. 258).

Estas duas parcerias permitem situar “...a posição do analista, se  ele se inscreve na parceria imaginária, ou no lugar adequado na parceria simbólica” (2008, p. 258).

Estas duas parcerias eu-outro e sujeito-Outro são homólogas e colocam a mesma questão:

- qual dos dois termos vem primeiro? qual dos dois tem prioridade? Por exemplo, o sujeito que fala quer ser escutado, o que marca o caráter primário deste e o caráter secundário do outro, no entanto,  a palavra do sujeito se forma no lugar do Outro, fazendo deste o termo inicial de sua parceria (2008, p.260).

Estas duas parcerias estão também em relação unívoca, de complemento, que marca o fundamento essencial da relação. Miller pergunta então: porque a relação imaginária tem importância primordial para o eu? Porque o eu está marcado pela prematuração do organismo, por um não domínio de seu corpo, falta que é complementada pela imagem, imagem do outro.

Para Miller “...o fundamento da parceria imaginária é uma suplência (...) pela necessidade em que se encontra o eu de (...) identificar-se com a imagem do outro para completar-se...” (2008, p.261)

Se o sujeito se dirige ao Outro é porque lhe falta, é em busca do significante que lhe falta, por isso busca análise. “Esta relação é a que engancha o sujeito com o Outro” (2008, p. 262).

No entanto, estas parcerias se revelam insuficientes para mudar a relação do sujeito com a falta. Mesmo a parceria simbólica se mostra incapaz de conferir satisfação ao sujeito, pois o reconhecimento, mesmo proporcionando ao sujeito satisfação simbólica e ligando-o a um significante e, portanto, à parceria simbólica, forclui o gozo e deixa o sujeito aberto a um “mais ainda”. Miller chama nossa atenção para que: “Mais ainda é o contrário da satisfação”, mesmo que a satisfação esteja no horizonte e seja realizável a partir de sua ligação a um significante dado e adquirido na parceria simbólica. (2008, p.263)
No entanto, estas são duas parcerias essenciais, sendo que a parceria simbólica, presente na formação do analista, “...o conduz a saber que ele interpreta a partir do lugar do Outro” (2008, p.263).


Parceria  do Desejo

As duas parcerias lacanianas convergem assim numa terceira, pois liga um elemento da parceria simbólica $ à um elemento da parceria imaginária a (2008, p. 264). Desempenha assim um papel de “...gancho entre a parceria imaginária e a parceria simbólica...” (2008, p.264).

Diz Miller: “A falta a ser do sujeito não se satura com o reconhecimento significante, e além disso carece de um elemento de ordem imaginária”. A insuficiência da parceria simbólica se revela na formação desta terceira parceria do desejo (p. 265). Esta parceria se escreve com a fórmula da fantasia: $ ◊ a. 

Nesta parceria o sujeito recebe o complemento de sua falta sob a forma do objeto a.
No entanto, se Miller faz do fantasma/fantasia a terceira parceria lacaniana é porque a formação desta terceira parceria modifica os dois elementos da parceria simbólica. Há uma transformação do Outro, que deixa de ser apenas o Outro que tem o significante do reconhecimento, e passa a ser aquele onde o sujeito vai buscar o objeto a, que lhe é necessário como complemento. Diz Miller: o sujeito vai “...resgatar seu desejo retido no Outro sob a forma de a” (2008, p.266). Aqui estamos diante da busca do objeto fantasmático do desejo do Outro.

Assim o Outro passa a ser o Outro do desejo. A relação do sujeito com o Outro passa necessariamente por a como objeto do desejo. O sujeito vai buscar o que lhe falta sob a forma do objeto a, no lugar do Outro. Quando a ocupa o valor de objeto do desejo, constitui-se como positivo diante do sujeito e do Outro que estão na falta, ao contrário do objeto a como falo, phi negativado (2008, p. 265).

O conceito essencial desta parceria é a afânise, o “fading”, pois o sujeito não se sustenta diante do objeto fantasmático, fica sem palavras, paralisado. Do lado do sujeito há uma “...reinterpretação de sua falta, como eclipse ou fading diante do objeto a” (2008, p. 265).

Segundo Miller, esta terceira parceria não está explicitada como parceria, mas no final dos Escritos é abordada por Lacan que aponta que o sujeito não possui relação direta com o Outro, senão através do acoplamento com este objeto que complementa (2008, p.266).

 Estas 3 parcerias levadas ao limite conduzem a uma equivalência:

- imaginária: equivalência eu - outro, ‘eu sou a imagem do Outro’
- simbólica: equivalência sujeito - significante
- desejo: equivalência sujeito - objeto a

Parceria  sintomática

Esta é a parceria do gozo, parceria libidinal. Não basta que a contrapartida do sujeito seja a imagem, ou a palavra, ou o objeto a da fantasia, é preciso que “...esta contrapartida seja (...) um preço extraído do gozo” (2008, p. 266).

Nesta parceria o a é deslocado do registro imaginário, para o registro do real (2008, p. 268). Não é possível dar conta do gozo apenas a partir do significante, é preciso incluir o organismo, o corpo, a sexualidade. “O corpo entra no ensino de Lacan como objeto a (...) o corpo mortificado pelo significante, deixa lugar para exceções, restos suplementares que escapam à mortificação e que são os objetos a” (1998, p.97).

O sujeito passa a ter corpo, passa a ser vivente. Aqui trata-se da “...busca de algo da ordem do gozo que há que encontrar a partir do Outro” (2008, p. 268).

Não é possível dar conta do gozo/da libido apenas a partir do funcionamento significante, é preciso agregar o organismo, a vida, a sexualidade, o vivente, há que agregar funções suplementarias. (2008, p.270). “Portanto há que agregar propriedades que são totalmente alheias ao puro funcionamento significante (...)” assim, neste lugar de interseção entre sujeito e outro vem inscreverem-se os objetos pulsionais: o seio, as fezes, o olhar e a voz (2008, p. 271).  


                                           Sujeito                Outro
                                                                               
                                      seio-fezes-olhar-voz



Nesta parceria também o Outro passa a ser vivente, onde o sujeito busca o objeto complemento, o objeto pulsional como complemento, pela via das pulsões que são sempre parciais (2008, p. 272).

Segundo Miller, Lacan formula: “...não temos acesso ao Outro, do Outro sexo, senão pela via das pulsões parciais...” (p. 275).

A partir daí:
- onde há significante há gozo (p. 273)
- o signo passa a incluir o gozo (p. 273)
- o conceito de falasser/parlêtre ocupa o lugar do sujeito (2008, p. 273)
- o sujeito deixa de estar ligado ao significante como morto e passa a ser conceituado como falasser/parlêtre (sujeito + corpo), sujeito que fala e é falado o que inclui o gozo, gozo do corpo (2008, p. 274).
- não temos acesso ao Outro, do Outro sexo, senão pela via das pulsões parciais, pois só se tem acesso ao objeto das pulsões parciais (2008, p. 274).
- o Outro pode ser acessado por duas vias: através do gozo (gozo do corpo próprio) ou através do amor, que deixa de lado o corpo e se aferra à palavra (2008, p. 275).
- a devastação é a face de gozo do amor

No Seminário O Osso de uma análise, Miller (1998) afirma que o parceiro-sintoma “(...) é uma nova definição do grande Outro. É o grande Outro definido como meio de gozo. Isso concerne ao Grande Outro sob duas formas: primeiramente o Outro representado pelo corpo e em segundo lugar, o Outro como lugar do significante. A promoção do corpo em Lacan não anula absolutamente Outro como lugar do significante”, ela coloca simplesmente mais em destaque, que o significante é, ele próprio, um meio de gozo (1998, p. 106).

              falasser                       Outro 
                                                                                                                                                                                                    

Continua Miller no mesmo texto: "A noção de falasser substitui o conceito de sujeito, assim como parceiro-sintoma é o conceito que substitui o grande Outro, de modo que, segundo Miller: “Isso obriga a ressituar muita coisa no ensino de Lacan; (...) necessariamente se deve mudar a definição de sujeito, deve-se necessariamente mudar a definição do grande Outro e é isso que chamo de parceiro sintoma, que é o correlato do falasser" (1998, p.89).

 No seu artigo "Pulsão: o desejo fragmentado pela fala", Stella Jimenez nos traz uma formulação muito esclarecedora ao afirmar que: " O objeto a não pertence nem ao sujeito nem ao Outro; ele é aquilo que o sujeito acha que o Outro deseja para se complementar. Por isso é o objeto que o sujeito teme ser, embora deseje ser para o Outro. É o objeto que em sua fantasia, simultaneamente é e não é” (2000, p. 30).


Vinheta clínica

Miller no seu texto sobre os circuitos da parceria, a Teoria do parceiro (2000, p. 153-207) nos traz uma vinheta clínica para exemplificar que o fundamento da parceria amorosa é sintomática. Sendo assim o parceiro do sujeito é o gozo, de modo que o Outro da parceria sintomática é apenas o revestimento do objeto a, ou seja, o invólucro do núcleo de gozo do sujeito.

Consideramos este escrito importante para elucidar este capítulo que acabamos de resumir. Este extrato do texto de Miller se encontra nas páginas 194 a 196 do texto citado acima e o transcrevemos a seguir:

“Talvez seja preciso dar aqui algum exemplo que mostre que o verdadeiro fundamento do casal é sintomático.
Uma mulher abandonada pelo pai – figura sublime! - no nascimento, e até mesmo antes do nascimento, já que falamos do caso do cara que se escafedeu tão logo deu aquela gozada.
Ela não se torna psicótica em função de uma substituição ocorrida e que lhe permite arranjar-se com o significante e com o significado. Alguém ocupa o lugar de pai, mas não a ponto de impedir uma divisão precoce: “Ninguém pagará por mim”, decisão que faz dos males um bem por assumir o desamparo em que foi largada. – “Necessidade de ninguém”, eis como ela se sai. Isso a lança numa certa errância. Ocorre-me a imagem da tartaruga que passeia com a casa nas costas. Ela encontra um homem, se apega a ele, constituem um casal e prole.
Qual homem ela encontra? Exatamente um que não quer pagar por uma mulher. Evidentemente isso lhe convém, um homem que não quer pagar sua cota à mulher. E, entre todos, é com esse que ela se junta. É um homossexual. Nobody is perfect. Eles se amam, se entendem. Um não pagará pelo outro, eis o lema do casal.
A má sorte faz com que ela entre em análise. Sabe-se – não por acaso – que a análise é de bom grado causa de divórcio. E na análise nasce o desejo de que o Outro pague por ela.
Um sonho retorna: uma loja da infância conduz a associação de que, quando ia comprar alguma coisa embaixo do prédio onde morava, ela dizia: “Papai vai pagar”. Papai era o substituto. E ei-la que se põe a desejar que o homem, o pai de seus filhos, pague sua parte. Ela não quer mais ser tartaruga. O cara, fiel a contrato sintomático inicial, não quer largá-los. E ela passa a detestá-lo, sonha deixá-lo, prepara sua partida. Ele não se mexe. O cofre está fechado. Eis que logicamente ela lhe apresenta contas. E um dia ela lhe apresenta uma conta a mais – de gás e eletricidade.
Eis que isso se revela insuportável para ele, pega suas tralhas, vinte anos depois, e pede enraivecido o divórcio, logo depois de advertir a companhia de gás francesa de não mais lhe cobrar débitos porque ele não os pagaria. Esse divórcio é doloroso para ela, que descobre que não o queria, apesar de cozinhá-lo em banho-maria durante anos, ao contrário, ela desejava um casal verdadeiro,no seu conceito.
Pode-se dizer que a análise atingiu a base sintomática do casal. E porque não considerar isso como uma travessia da fantasia, da fantasia “necessidade de ninguém”. Constatamos, em todo caso, que essa fantasia passou para a vida. Tendo atravessado a fantasia, divorciada, ela se encontra na situação em que ele não mais pagará para ela. Nesse momento tão doloroso de ruptura do casal, descobre-se o que era a base do casal, que cada um casara com seu sintoma.
É preciso levar em conta a dissimetria de cada sexo na relação com o Outro. Aqui Lacan nos serve de guia. O que o sujeito homem busca no campo do Outro? Ele busca essencialmente é o objeto a, objeto que responde tão bem à estrutura da fantasia. Ele se relaciona apenas com esse pequeno a. Isso pode assumir a forma grosseira que evoquei com “aquela gozada”.
Não é fundamentalmente diferente do lado mulher. (...) O falo é certamente o mais querido, mas a criança pode adquirir valor fálico. Eventualmente, podemos nos relacionar com o Outro sexo para roubar dele essa criança com valor fálico. Mas não é fundamentalmente diferente no nível em que cada um degrada o Outro. Cada um visa o Outro para dele extrair seu mais-de-gozar. (...) O sujeito mulher se relaciona com a falta do Outro, e disso decorre um desvario especial. (...).
O sujeito feminino dirige-se ao Outro para nele encontrar a consistência, mas oferece ao sujeito masculino a oportunidade de aí encontrar a inconsistência, a que inscreve satisfatoriamente o A barrado.
Aliás, é o que o infeliz, de quem evoquei o destino, encontra. O que o deixa enraivecido e motiva o divórcio é ela não mais jogar o jogo."


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Referências:

- MILLER, Jacques-Alain. El Partenaire-síntoma: los cursos psicoanalíticos de J.A.Miller” - (1997-98), Ed. Paidós, B. Aires, 2008, cap. XII, p.253 a 276.

- MILLER, Jacques-Alain. "O Osso de uma análise"– Seminário proferido no VIII Encontro Bras do CF, Salvador-Bahia, de 17 a 21 de abril de 1998.

- MILLER, Jacques-Alain. "A teoria do parceiro" in “Os circuitos do desejo na vida e na análise”. Escola Brasileira de Psicanálise (orgs.)- Contra Capa Editora, 2000.